Teatro Jordão - Projeto de 1937
O Teatro Jordão surge numa época em que se sentia necessidade de se dotar Guimarães com um teatro condigno para a cidade, já que o Teatro D. Afonso Henriques se encontrava encerrado e o Teatro Gil Vicente não dispunha das condições necessárias.
Assim, em 1936, surge a notícia de que Bernardino Jordão estaria a trabalhar num projeto para a construção de um novo teatro. Depois alguma discussão sobre a localização do mesmo, a sua construção começou no início de 1937, na, então, avenida Cândido dos Reis, atual avenida D. Afonso Henriques.
O Teatro Jordão inicialmente designado na imprensa por “Teatro Martins Sarmento”, em virtude de decisão política divulgada quase em cima da sua abertura, foi inaugurado em 20 de novembro de 1938.
Tal designação perdurará até dezembro de 1940, altura em que o despacho do Ministro da Educação Nacional, autorizou o uso do nome de Teatro Jordão, já depois da morte de Bernardino Jordão, que ocorreu a 23 de maio de 1940.
O responsável pelo projeto e pela direção da obra foi o arquiteto e engenheiro civil Júlio José de Brito.
O Teatro Jordão corresponde em termos programáticos ao programa típico dos Cineteatros, subsistindo pelo país bastantes exemplos. O “Restaurante Jordão” funcionou no seu piso inferior.
O Teatro Jordão fechou portas em 1994.
Memória descritiva do Teatro Jordão
“Este teatro cuja lotação está prevista para uns 1400 espectadores, destina-se a cinema e teatro, para o que fica dispondo de toda a aparelhagem e depências necessárias. Pelo facto do terreno se encontrar abaixo do nível da Avenida, cerca de 9, 00 metros, tem este abaixo do nível da plateia, um rez-do-chão e um pavimento. Acima da plateia tem uma ordem de balcão e de camarotes e ao nível da plateia uma ordem de frizas, como se vê no projecto. Toda a estrutura do prédio é de cimento armado, incluindo as fundações.
Os pavimentos são em vigas de tijolo, cimento e ferro sistema Sinco e bem assim os terraços, impermeabilisados com Ruberoid. As paredes exteriores e interiores são em cantaria, com espessuras respectivamente de 0,44 e 0,33 para serem revestidas exteriormente com argamassa de cimento e areia e interiormente rebocadas e caiadas. A fachada principal é toda em cantaria lavrada. A cobertura nas paredes em que não há terraços, é em telha tipo Marselha, assente sobre armação em ferro, também é em ferro o vigamento da teia.
Toda a esquadria da fachada principal será em ferro e bem assim as portas que dão acesso ao palco e pano de ferro, cuja manobra será electrica e manual. A restante esquadria exterior, atendendo ao preço elevado do ferro, será em castanho. As portas interiores e respectivas guarnições serão em pinho, sendo aquelas para revestir com contraplacado.
Os tectos serão todos estucados e os pavimentos da plateia, balcão, camarotes e bar serão soalhados, os restantes serão revestidos com mosaicos cerâmico ou hidráulico, conforme a importância das dependências. Merecerão especial cuidado as instalações santárias e camarins, sendo as louças e azulejos a empregar de 1.ª qualidade e a tubagem toda em ferro galvanizado, sendo os seus diâmetros, sifões e caixas de visita, de harmonia com as disposições do Regulamento do Saneamento do Porto. Nos lavatórios haverá água corrente fria e quente. O teatro é abastecido por água de mina, ficando no rez-do-chão um grande tanque, que por meio de bomba electrica, abastecerá o depósito que ficará por cima do palco. Vão indicadas na planta as bôcas de incêndio, e o quadro de manobra da cabine do bombeiro será igual ao que coloquei no Teatro Rivoli, já feito sob as indicações dessa Inspecção.
Levará chuveiro no palco, digo, no pano de ferro. Sôbre a instalação electrica, não falo nesta memória, pois acompanha o projecto, outra referindo-se apenas a êste capítulo. A ventilação do teatro, será feita pelo processo natural saindo o ar viciado por orifícios colocados na sanca junto ao tecto de d’ahi para o exterior por um lanternim colocado na armação do telhado. O aquecimento do teatro será feito por meio de ar aquecido através de resistências electricas (sistema da Casa Siemens). Como esclarecimento, o que se vê facilmente no projecto e planta topográfica, o público sai facilmente, pelos amplos corredores e escadas que desembocam no átrio e os artistas pela escada que do palco e camarins os conduz imediatamente ao terreno que circunda o teatro, donde passam atravez um portão para uma rua que passa pelo lado do teatro. Alêm dêstes acessos para o público e artistas, tem o teatro mais dois, um ao lado do mesmo e outro pelas trazeiras e qualquer dêles acessível ao material de incêndio, podendo os carros ir até junto do teatro.”
www.pitagorasgroup.com/project/teatro-jordao-e-garagem-avenida
maisguimaraes.pt/teatro-jordao-entre-o-passado-e-o-futuro